sexta-feira, 19 de junho de 2009

Comequié? Technopaganismo?

Eu acredito na alma das coisas... acredito que objetos inanimados assumem características das pessoas que os utilizam. Acredito que artefatos absorvem a personalidade de quem os fez. Acredito que o mundo pode assumir formas bem mais estranhas do as que nos obrigamos a crer.
Fui criado dentro da religião católica, educado em colégio de freiras, e fui o único aluno a não tirar nota máxima, em determinada data, pois cometi a insanidade de questionar a professora – uma freira idosa e de voz, normalmente, suave – em relação a alguns dogmas da Igreja... que na época eu não sabia que eram dogmas... Caracas! Eu sequer sábia o que era um dogma.

dogma
s. m.
1. Ponto fundamental e indiscutível de uma crença religiosa.
2. Máxima, preceito.


Pois é. Eu tinha essa mania de cutucar, discutir, tentar entender, me negando a acreditar cegamente. Nunca fui muito bom em aceitar coisas sem discutir. Eu sou assim mesmo, chato pra caramba. Desta forma eu não conseguia me encaixar em nenhuma religião. Eu acreditava num monte de coisas, mas, quando chegava nos tais dogmas, eu sempre me complicava.
Bom. Um dia eu li, na internet claro, uma matéria sobre technopaganismo. Onde o autor estendia as crenças do paganismo para a era tecnológica. E falava do espírito e do poder embuído aos utensílios criados pelo homem (o que explica a razão de meu computador ser tão caprichoso), eu estendi a idéia ainda mais, analisando a interferência eletromagnética dos sonhos e idéias esparramados pelo mundo virtual no mundo real. É uma viagem, eu sei... mas é também uma grande idéia.
Bom... ao conjunto de idéias elaboradas sobre esta questão o autor deu o nome de Technopaganismo. Não havia verdades inquestionáveis e a curiosidade e descoberta era incentivadas. De mandamentos havia dois:
-Se está quebrado, concerte.
-Se for nescessário, ajude.
Você pode ler nas entrelinhas. Se é pra concertar, não se deve quebrar, pra começo de conversa. Se deve ajudar, não pode atrapalhar. Não pede sacrifício, você faz só o que puder para manter as coisas em ordem, se você se exceder estará se colocando em risco, pode "se quebrar". Não te pede pra amar ninguém. Você auxilia quem precisa... não apenas quem você gosta.
Pense em todas as implicações que esta duas regrinhas trazem e como o mundo seria diferente se mais pessoas resolvessem guiar sua vida por elas, mas saiba sem dúvida que querer segui-las num mundo como o que vivemos...
torna a vida bem complicada.


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Para começar...

Quando criança, em um dos livros do colégio, eu li um poema que achei impressionante. Falava de como um homem – e aqui me refiro a todos os membros da espécie humana – deveria ser.
Eu achei aquilo inspirador... e impossível!
Mesmo assim... mesmo assim... resolvi que valia a pena tentar. Ora bolas... se metade do mundo conseguisse ser a metade do que estava escrito ali, a paz mundial seria moleza de ser alcançada. E se eu achava que algo assim era bom para o mundo, tinha que começar tentando comigo mesmo... certo?
É.
Certo.
Aí é que as coisas começaram a ficar complicadas.

SE

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida